Caso de Estudo

Gestão diária na indústria alimentar

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Este projeto teve como objetivo gerar a mudança de hábitos e comportamentos no sentido da sustentação de melhorias. Pretendia-se que, criando rotinas de acompanhamento sistemático das equipas, análise de desvios e causas raiz e identificação de oportunidades de melhoria, garantido o envolvimento de todos, todos os dias e em todas as áreas, se iniciasse uma cultura de melhoria contínua diária na organização que iria garantir o crescimento sustentado. O processo arrancou com a implementação da metodologia de KAIZEN™ Diário, cujo principal objetivo é o desenvolvimento dos líderes e das equipas. O projeto teve como foco onze equipas de uma grande empresa do sector alimentar em Portugal, tendo-se verificado resultados muito positivos na cultura e nos principais indicadores operacionais.

A empresa

O grupo em questão detém uma quota de 90% no mercado português das massas alimentícias e possui 3 unidades industriais alocadas à produção desta gama de produtos, cereais e bolachas.

À data de arranque do projeto, a empresa tinha culminado um forte plano de investimentos em infraestruturas, equipamentos industriais, sistemas da qualidade e desenvolvimento das suas marcas. Como forma de garantir um crescimento sustentável, surgiu a necessidade de arrancar com um projeto que garantisse a implementação de uma nova cultura, baseada na melhoria contínua de processos e operações.

O desafio

Este projeto de transformação cultural apoiou-se em 3 vetores para garantir uma transformação sustentada: projetos disruptivos de melhoria com um objetivo muito concreto e com limite temporal, desenvolvimento dos líderes de Equipa através do programa de KAIZEN™ Diário cujo objetivo é trabalhar diariamente para eliminar o desperdício, a variabilidade e dificuldade nos processos e trabalho no dia a dia e por último a melhoria das atividades e processos de suporte à implementação de um projeto de mudança cultural. Esta história tem como foco a implementação do modelo de KAIZEN™ Diário – desenvolvimento de Líderes e Equipas.

Numa primeira fase do projeto, identificou-se que as rotinas de melhoria eram fracas ou inexistentes na maioria das equipas, as equipas não eram responsabilizadas pelos resultados ou desconheciam o seu desempenho, não existiam medidas de incentivo à melhoria do trabalho e o envolvimento dos colaboradores nos projetos estratégicos era limitado.

O objetivo definido foi, portanto, o desenvolvimento e a implementação de um modelo de gestão que permitisse transformar as equipas operacionais em praticantes assíduas da melhoria contínua.

A abordagem

Uma transformação global pressupõe o envolvimento transversal de toda a organização, tendo sido envolvidas no projeto todas as equipas ao longo diferentes ondas de implementação. Na primeira onda de implementação fizeram parte as equipas Operações (17 Equipas e 360 colaboradores).

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Equipas com KAIZEN™ Diário em implementação

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Vagas de implementação de KAIZEN™ Diário

A implementação do KAIZEN™ Diário foi feita recorrendo a um programa de desenvolvimento de equipas (PDE), tendo-se selecionado como equipas piloto a Direção Industrial, o Embalamento de Massas e o Fabrico de Cereais de Pequeno Almoço de modo a representar os vários níveis hierárquicos e fábricas. Devido à dimensão do projeto, retratam-se abaixo apenas algumas das soluções desenvolvidas ao longo de 230 sessões de workshop.

Organização das equipas

A solução desenhada para a organização das equipas de nível três inclui três momentos. Num primeiro momento, quando os colaboradores começam o turno, consultam o plano de trabalho e a alocação dos recursos aos diferentes postos da fábrica. No segundo momento, que acontece trinta minutos depois do início do turno, reúnem com as chefias para discussão de objetivos e de potenciais anomalias detetadas no posto de trabalho. Finalmente, num terceiro momento, partilham os seus resultados com a equipa e analisam novamente anomalias que possam ter ocorrido. De salientar que estas reuniões de KAIZEN™ Diário ocorrem todos os turnos. Estas dinâmicas são suportadas por quadro de equipa que estão dividido de acordo com os diferentes momentos e com a agenda de cada uma das duas reuniões.

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Exemplos de reuniões de equipas e quadros de nível 1

Criou-se também uma rotina de reuniões de nível dois cujos participantes são o responsável da área, os chefes de turno e um elemento da equipa de manutenção. Essa reunião, ocorre numa base semanal e tem como pontos de agenda a análise de indicadores consolidados, a análise do plano de produção da semana e a análise do plano de ações ou ciclo PDCA.

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Exemplos de reuniões de equipas de nível 2

Para além dos ganhos conseguidos com a resolução mais rápida de anomalias e com um início de turno mais eficiente, a implementação de quadros visuais e reuniões de equipa nos níveis dois e três conduziu a uma responsabilização das equipas pelos seus resultados.

Para a Direção Industrial definiram-se, para os dois centros produtivos, três tipos de reuniões com âmbitos e frequências diferentes – reunião operacional, reunião de planeamento e reunião estratégica.

A reunião operacional contempla a atualização do plano de ações, a análise de indicadores e, uma vez por mês, a apresentação de um 3C (metodologia de resolução estruturada de problemas) por um dos responsáveis das áreas.

A reunião de planeamento tem como principais motivos de análise os planos de produção e ainda alguns indicadores de fullfilment e stocks. Com a implementação desta reunião, conseguiu-se reduzir em 35% o tempo dedicado a planeamento de produção dedicado pelos líderes.

A reunião estratégica consiste no seguimento dos projetos da área industrial e revisão da estratégia.

Organização dos espaços

Como forma de criar espaços de trabalho produtivos e seguros, foram desenvolvidas campanhas de 5S em todas as áreas da Direção Industrial. Constituiu-se uma equipa multidisciplinar composta pelas chefias e colaboradores da área, da manutenção e da qualidade.

Para garantir que havia consistência, foi criado um manual de boas práticas e regras visuais que definia símbolos a usar, código de cores, métodos de identificação, etc.

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Exemplo das melhores práticas de 5S

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Relatório do Antes e Depois na oficina de manutenção

Normalização

O processo de normalização começou com o levantamento de tarefas e consequente priorização numa matriz. Depois, e seguindo as prioridades, as normas foram sendo passadas para um quadro de monitorização visual.

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Priorização da normalização

Destaque para o facto do quadro de monitorização visual das tarefas a normalizar representar uma versão ligeiramente alterada do ciclo SDCA (Standardize, Do, Check, Act) com a diferença de ter maior ênfase nos processos de treino e acompanhamento das normas. Um treino adequado dos trabalhadores nas normas criadas é essencial para garantir que que se consegue uma equipa o mais polivalente possível. O acompanhamento das normas pelas chefias foi também um passo absolutamente fulcral do processo.

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Exemplode normas visuais: OPLs

Um outro ponto chave foi a definição da localização dos standards, privilegiando-se a sua colocação junto ao ponto de uso. No entanto, por se tratar de indústria alimentar, em alguns casos, foi necessário criar postos de consulta e quiosques que centralizassem as normas de um ou mais postos.

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Exemplo de normas no ponto de utilização

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Estações de consulta das normas

Resolução de problemas

Após conseguirem adquirir a estabilidade básica desenvolvida nos três primeiros níveis, as equipas foram treinadas numa metodologia de resolução estruturada de problemas denominada 3C (caso, causas e contramedidas). Foi criado um processo de escalada de problemas que não eram resolvidos no turno ou na semana através do PDCA para alimentar um funil de problemas complexos.

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Quadro de seguimento da escalada de problemas

Como exemplo de aplicação da metodologia 3C, retrata-se um caso particular que ocorreu no embalamento de massas, concretamente um problema de pacotes rejeitados por peso fora da especificação.

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Exemplo de resolução de problemas 3C

Por se tratar de um projeto com uma dimensão significativa, foi necessário criar um série de mecanismos de gestão e acompanhamento do processo de implementação.

Como tal, a primeira ferramenta a ser criada foi uma sala de mission control e reuniões semanais de acompanhamento do plano de implementação. Com esta dinâmica, pretendia-se consciencializar os líderes para as tarefas que teriam que realizar para conseguirem implementar KAIZEN™ Diário com sucesso e um forum para desbloqueio de dificuldades e esclarecimento de dúvidas.

Outro dos mecanismos de monitorização da implementação do KAIZEN™ Diário foi a auditoria. Foi criado um sistema de auditorias trimestrais que permitissem aferir a qualidade da implementação das ferramentas, os benefícios reais da sua aplicação e o grau de apropriação pela equipa. No final de cada auditoria era desenvolvido um relatório com a análise estatística dos resultados, um resumo das melhores práticas observadas e o plano de ações de cada equipa.

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Estrutura da auditoria

A melhoria nos resultados verificada a cada auditoria foi notória principalmente ao nível da cultura das equipas e dos benefícios gerados pelas novas rotinas.

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Evolução dos resultados da auditoria

Conquistas e próximos passos

Com a implementação de rotinas de melhoria contínua em toda a estrutura da Direção Industrial, verificaram-se melhorias significativas não só na cultura como diretamente nos KPIs.

A eficiência global medida através do OEE (overall equipment effectiveness) aumentou 9%, o desperdício de material (subproduto) reduziu 26%, a taxa de devoluções sobre as vendas desceu 20% e a cobertura dos stocks de material de embalagem baixou 13%.

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Evolução da eficiência global das 3 fábricas

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Evolução da taxa de desperdício

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Evolução da cobertura de stock

Estes resultados representaram uma poupança de 49.000 euros no primeiro ano pós desmultiplicação para todas as equipas.

Conclusão

Destaca-se, como principal conclusão, o facto da cultura e empenho da liderança ser o fator mais importante no sucesso deste tipo de iniciativa. Por outro lado, comprova-se que as soluções desenvolvidas têm mais sucesso quando são desenhadas por elementos de toda a hierarquia e fortemente impulsionados pelos líderes.

O processo de auditorias também revelou ser uma das principais ferramentas de incentivo, motivação e controlo. Com efeito, a publicação dos resultados e uma correta abordagem às ações corretivas permite acentuar a competição e garantir um alinhamento de todas as soluções encontradas.

 

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